Como um estudante de astrologia, acho totalmente necessário seguir algumas diretrizes para poder trabalhar neste ramo com cautela e respeito em relação à astrologia e às pessoas que procuram estes serviços.
Qualquer tipo de trabalho embasado num estudo sério possui regras estabelecidas por alguma equipe dedicada a melhorar o desempenho no exercício da função.
Por isso, compartilho aqui reflexões inspiradas no Código de Ética Profissional do Astrólogo, elaborado pela Associação Brasileira de Astrologia (ABA) em 1978. O documento completo está disponível no site oficial da instituição (www.astrologia.org.br).
O que trago abaixo é uma síntese comentada, com minha leitura pessoal sobre como essas recomendações se aplicam à prática real do astrólogo hoje.
Objetivos
O código original lembra que o astrólogo deve conservar e dignificar a profissão, elevando-a moralmente.
Na prática, isso significa que astrologia não é palco para charlatanismo ou vaidade — é uma ferramenta sagrada de escuta e tradução dos céus. O título mais honroso que alguém pode ter não é o de “adivinho” da vida dos outros, mas de alguém que caminha com dignidade ao lado dos símbolos.
Deveres fundamentais
A ABA lista vários pontos, mas os que me chamam atenção são:
- Orientar com clareza e honestidade: o mapa não é lugar de adivinhações vagas, mas de estudo meticuloso.
- Respeitar o sigilo: o que ouvimos em consulta não nos pertence. É segredo, como na medicina ou no confessionário.
- Lutar contra o fatalismo: a astrologia não determina destinos como uma sentença; ela mostra influências, janelas de possibilidade. O livre-arbítrio é central.
- Jamais usar astrologia para prejudicar: não se deve levantar suspeitas, provocar separações, apontar traições, receitar remédios ou manipular a vida alheia com base nos símbolos.
Esse ponto é crucial: o astrólogo é guardião de consciência, não juiz.
Honorários
O código recomenda que o astrólogo cobre de forma justa, levando em conta a realidade local, o tempo de trabalho e a responsabilidade envolvida.
Isso é importante porque valorizar o próprio serviço é também valorizar a própria astrologia. Trabalho sério não deve ser confundido com exploração nem com gratuidade inconsequente.
Relações com colegas
A ABA destaca a importância da fraternidade entre astrólogos. Isso significa não desqualificar publicamente o trabalho do outro e, ao mesmo tempo, ajudar sempre que possível.
A astrologia já enfrenta incompreensão do mundo externo — se dentro da própria classe houver intriga, perde-se a força coletiva.
A importância histórica da união
Ao longo dos séculos, a astrologia sofreu enormes pressões sociais e políticas. No auge da Idade Média, muitos astrólogos eram vistos com desconfiança ou acusados de heresia, mesmo quando seus estudos eram puramente científicos e matemáticos. No Renascimento, nomes como Johannes Kepler e Tycho Brahe conseguiram fazer avanços extraordinários na astronomia e astrologia, mas trabalharam cercados de críticas, intrigas e isolamentos institucionais.
A falta de coesão fez com que o astrólogo isolado se tornasse vulnerável: um único erro ou uma interpretação mal compreendida podia prejudicar toda a imagem da astrologia perante o público. Quando comunidades de astrólogos se uniram — como na Associação Astronômica e Astrológica da Renascença, ou mais tarde na ABA no Brasil — surgia uma defesa coletiva: normas, ética e reconhecimento social. A união não só protege o praticante, mas fortalece o entendimento público de que a astrologia é um campo sério, metódico e confiável.
Hoje, essa necessidade de união é ainda mais relevante. Vivemos um período em que a astrologia é acessível a todos, mas também cheia de ruído: horóscopos de revista, previsões automáticas e interpretações superficiais confundem o público. Um astrólogo que atua de forma isolada, mesmo com técnica apurada e ética exemplar, corre o risco de ser visto como charlatão ou amador.
Portanto, a solidariedade entre astrólogos de diferentes tradições — clássica, liliana, moderna, védica, chinesa — não é apenas um gesto fraternal, é uma estratégia de sobrevivência e respeito. Quando nos unimos, podemos mostrar ao mundo que a astrologia é um conhecimento vivo, complexo e confiável. Historicamente, a lição é clara: onde houve divisão, a astrologia sofreu; onde houve união e ética, floresceu. Assim, cultivar respeito, diálogo e cooperação entre tradições não é só uma questão de cordialidade, mas de preservação da arte e da ciência dos céus.
No setor público e privado
O astrólogo deve se preocupar com o bem comum. O código lembra que não cabe usar astrologia para manipular questões políticas ou interesses pessoais.
No fundo, o astrólogo é um servidor da coletividade — e isso exige postura ética tanto em consulta individual quanto em qualquer espaço público.
Minha reflexão final
Além de podermos agir com disciplina social, também temos as condições de nos proteger de nossos possíveis tropeços. Vivemos em uma sociedade que exige regras — e uma sociedade organizada e bem evoluída sempre o será devido a regras bem estabelecidas.
Por isso considero valioso o esforço da ABA em criar um norte ético. Mas reforço: mais que seguir normas externas, o astrólogo precisa cultivar dentro de si o seu próprio “código”, ou seja, a aliança com a moral e a ética que inspira o bom uso do conhecimento. Ética não é burocracia, é estado de alma.
👉 Nota: Esta é uma síntese comentada inspirada no Código de Ética da Associação Brasileira de Astrologia (ABA), cujo texto integral está disponível em www.astrologia.org.br.




