terça-feira, 23 de setembro de 2025

O PLANISFÉRIO SUMÉRIO


🌌 O PLANISFÉRIO ASSÍRIO

O disco de argila que guarda a memória do céu antigo


📜 O ENCONTRO COM O TEMPO

Em meados do século XIX, quando o arqueólogo-explorador Austen Henry Layard escavava as ruínas de Nínive, antiga capital da Assíria, uma peça enigmática emergiu da poeira dos milênios: um disco de argila gravado em escrita cuneiforme.

Esse objeto, hoje preservado no British Museum sob o código K.8538, foi incorporado à célebre biblioteca do rei Assurbanipal (século VII a.C.). Chamado de Planisfério de Layard, tornou-se um dos símbolos mais intrigantes da antiga astronomia mesopotâmica.


☄️ UM CÉU GEOMETRIZADO

A tradição acadêmica vê nesse disco um mapa estelar: a representação do firmamento sobre a cidade de Nínive por volta de 3 a 4 de janeiro de 650 a.C..
O tablete divide o céu em oito setores, registrando constelações como Gêmeos, as Plêiades e Pégaso.
Não se trata de mera contemplação poética: são anotações de um povo que fazia da astronomia uma linguagem sagrada, ponte entre os deuses e os homens. O cosmos não era apenas ciência — era tempo, destino, presságio.


⚖️ A POLÊMICA DO IMPACTO

Séculos depois, em 2008, os engenheiros Alan Bond e Mark Hempsell trouxeram uma leitura ousada: o planisfério seria uma cópia suméria muito mais antiga, datada de 3123 a.C., descrevendo a passagem de um asteroide que teria colidido com os Alpes austríacos, no enigmático evento de Köfels.

Segundo eles, o disco narraria não só o movimento dos astros, mas também a lembrança de uma catástrofe cósmica.

Porém, os geólogos rebatem: Köfels não mostra traços de impacto, mas sim de um gigantesco deslizamento de terra ocorrido há cerca de 7800 anos. Os assiriólogos, por sua vez, lembram que os textos cuneiformes não falam de asteroides, mas de cálculos regulares para fins astrológicos.


🔮 CIÊNCIA, MITO E SIMBOLISMO

O debate divide opiniões.
Para a ciência ortodoxa, trata-se de uma peça de rotina astronômica assíria.
Para os arqueoastrônomos, pode ser a chave de uma tradição oral milenar sobre catástrofes cósmicas.
Para o olhar simbólico, é mais que isso: um espelho do céu que revela a tentativa humana de fixar no barro aquilo que escapa — o movimento eterno das estrelas.

Assim, o Planisfério de Layard é tanto ciência antiga quanto mito vivo, testemunho de que o homem sempre buscou compreender a dança invisível que conecta o destino humano às forças celestes.


📚 PARA SABER MAIS

  • British Museum – catálogo K.8538
  • Bond & Hempsell, A Sumerian Observation of the Köfels’ Impact Event
  • Estudos geológicos da Universidade de Innsbruck sobre Köfels
  • Cobertura científica em Phys.org

🌠 UM DISCO QUE AINDA FALA

Ao contemplar esse fragmento de argila, vemos mais que marcas em cuneiforme: vemos o esforço de uma civilização em registrar o silêncio do céu.
Seja como instrumento astrológico, seja como eco de um desastre cósmico, o planisfério é um lembrete de que a Terra sempre viveu sob a sombra — e a luz — das estrelas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

A TEORIA DAS CORDAS

Ressonância Estrutural e a Sinfonia Oculta da Matéria A máquina do tempo chamada Astrologia Certo dia eu vi um vídeo interes...